Neste post vou abordar a conclusão do estudo VITAL apresentado no Congresso da American Heart Association, um dos maiores congressos da cardiologia realizado agora em novembro/2018, e publicado no mesmo dia da sua apresentação no congresso na conceituada revista médica New England Journal of Medicine. Este estudo avaliou o efeito da suplementação de uma dose fixa de vitamina D de 2000 UI ao dia, sem meta a ser alcançada, dose fixa de ômega 3 1g por dia, e placebo de um de ambos. Este post é sobre o uso da vitamina D 2000 UI. Para saber sobre os dados do ômega 3 acesse o post anterior aqui.
Por que este estudo foi feito?
Estudos observacionais mostram que em regiões mais ensolaradas, onde há maior produção de vitamina D, a mortalidade por câncer e doença cardiovascular são menores. Estes estudos também mostram que quanto mais baixo os níveis de vitamina D maior o risco de câncer e doença cardiovascular.
Neste estudo, 25.871 pessoas, sem problemas cardiovasculares ou de câncer prévios, 51% deles mulheres com mais de 55 anos e 49% homens maiores de 50 anos, foram divididos para tomar uma dose fixa de vitamina D de 2000 ui ao dia ou placebo (cápsula com aparência igual, mas sem a vitamina D). A média das idades era 67 anos.
Das 25.871 pessoas do estudo foi coletado sangue para avaliar os níveis de vitamina D em somente 16.956 pessoas (65,5%).
Resultados:
O acompanhamento médio foi de 5,3 anos. A média das idades era 67,1 anos. Dos participantes, 20% se declararam negros.
Entre os 15.787 participantes que dosaram vitamina D a média foi 30,8 ng/ml. 12,7% tinham valores <20 ng/ml e 32,2% entre 20 e 30 ng/ml. Destes quase 16.000 participantes foi dosado a vitamina D novamente após 1 ano em apenas 1.644 participantes que tomaram a vitamina D 2.000 UI/dia e encontrado valor de 41,8 ng/ml, aumento de quase 40%.
Quanto a incidência de câncer não houve diferença estatística significativa entre os dois grupos. Porém, no grupo que usou vitamina D 2000 UI a mortalidade foi 17% menor, sem significância estatística entre os grupos.
Quanto a incidência de eventos cardiovasculares não houve diferença entre os 2 grupos com esta dose de vitamina D 2000 UI/dia.
Mais um ponto positivo em ter o peso normal: as pessoas que tinham o IMC <25 tiveram um risco 24% menor de ter câncer quando receberam a vitamina D 2000 UI por dia. E quanto mais gordinho maior o risco de ter câncer!
Quais os modos que a Vitamina D pode contribuir na prevenção e, eventualmente, no tratamento do câncer? A vitamina D é capaz de inibir a proliferação da célula cancerígena, tem propriedades anti-inflamatórias, é imunomoduladora (melhora nosso sistema imune para combater a célula cancerígena), é pró-apoptótica (faz com que a célula cancerígena se suicide) e tem efeito anti-angiogênino (não forma novos vasos sanguíneos para o câncer crescer).
Resumo deste estudo: tomar vitamina D 2000 UI/dia reduz, por exemplo, o número de infarto agudo do miocárdio? Não.
E previne câncer? Esta dose de vitamina D 2000 ui pode prevenir sim a incidência de câncer caso a pessoa seja magra, que é ter IMC<25, e também pode reduzir a mortalidade!
Pergunta sem resposta deste estudo: quais os efeitos da vitamina D em doses mais altas? Não sabemos, mais alguns autores defendem doses bem maiores, 5.000 a 10.000 UI por dia, e níveis sanguíneos entre 50 e 100, níveis estes bem maiores do que os atingidos nesta pesquisa que foi de 40.
Você tem níveis de vitamina D adequados?
Tem conseguido manter seu IMC abaixo de 25?